Cenas de sexo têm espaço nas telonas desde os tempos do cinema mudo, quando os “Oh, yes, yes” apareciam nas legendas.

Quando você digita a palavra sexo no Google é possível localizar rapidamente sites famosos por hospedarem dezenas de filmes amadores com conteúdo pornográfico ou erótico. Bem antes de adventos tecnológicos que possibilitaram a qualquer um gravar um filme pornô na sua própria casa, no estilo Glauber Rocha – “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, filmes com conteúdo sexual explícito já eram rodados e produzidos.

O cinema pornô é mais antigo do que se imagina e existe desde a época do cinema mudo, quando eram gravados em bordeis para posterior exibição em clubes privados. Começaram a ser produzidos de forma “underground”, amadora e com distribuição limitada. A partir de 1970, o gênero começou a ganhar força, sendo exibidos em cinemas próprios conhecidos como “salas especiais”. É nesta mesma época que esses filmes deixam de ser um produto do submundo criminal e ganham amparo da indústria.

Em 1972, o filme ‘Garganta Profunda’ (Deep Throat, em inglês), dirigido por Gerard Damiano e estrelado por Linda Lovelace, chocou a sociedade norte-americana ao contar a história de uma mulher que só chegava ao prazer com o sexo oral, pois o seu clitóris ficava localizado na garganta. A película foi produzida por menos de US$ 25 mil, orçamento relativamente modesto se comparado a outro clássico da época, ‘O Poderoso Chefão’, de Francis Ford Coppola, com Al Pacino e Andy Garcia no elenco, que custou US$ 54 milhões.

‘Garganta Profunda’ se tornou o mais lucrativo na época, influenciou a revolução sexual em curso e tornou-se o estopim de uma crise política e social no país. Segundo o cineasta e crítico de cinema Cláudio Marques, filmes desta época construíram uma narrativa dentro do pornô. “A sensualidade bem feita e colocada no tom e na proposta certa que o filme demanda é muito forte”.

Outro clássico erótico que marcou época e gerações foi ‘Emanuelle’, de 1974. Com a atriz holandesa Sylvia Kristel no papel principal, a película descrevia as experiências eróticas de uma mulher na Ásia. O filme francês filmando na Tailândia chegou a ficar em exibição por 13 anos e devido ao sucesso, vieram mais três filmes da série. O orçamento do primeiro ficou em torno de US$ 500 mil com uma arrecadação de US$ 100 milhões na Europa. Kristel morreu em agosto de 2012, vítima de um câncer de garganta.


DIVAS.COM


Atrizes como Kristel e Lovelace se tornaram grandes divas na época em que seus filmes foram lançados. No caso de Lovelace, com apenas 19 anos engravidou e pouco tempo depois, aos 23 anos, se tornava estrela de cinema e uma das mulheres mais desejadas do mundo, além de símbolo de uma revolução sexual ainda em curso. Antes do sucesso de ‘Garganta Profunda’, fez vários curtas pornôs de baixo orçamento e sofreu um estupro coletivo, organizado pelo seu companheiro Chuck Traynor, que a coagia e maltratava fisicamente. Anos depois, se tornou ativista contra a indústria pornô e a violência doméstica contra mulheres. Em uma declaração chocante, Linda afirma: “Quando você vê ‘Garganta Profunda’, você está me vendo ser estuprada”. Sua história virou filme inspirado na biografia que ela própria escreveu, e foi para as salas de cinema em 2013 com a atriz Amanda Seyfried no papel principal. Linda morreu em 2002, aos 53 anos.

Apesar dos atuais vídeos pornôs produzidos para web carecerem de um roteiro e envolvimento emocional e natural do público, divas continuam sendo criadas e reveladas. Lisa Ann, americana, de 42 anos, é uma atriz renomada e premiada do gênero MILF – mulheres de até 50 anos que interpretam o papel de mães em filmes pornôs para web. Lisa se tornou uma mulher de negócios ao gerenciar uma grande agência de talentos e uma produtora voltada para o gênero. No Brasil, a chacrete famosa Rita Cadilac ficou conhecida por inúmeras atuações em filmes pornôs. Rita, entretanto, não teve tanto sucesso na sua carreira e se arrependeu de ter participado da indústria pornográfica. Em entrevista para o programa SuperPop da Rede TV, Rita contou que se prostituiu por necessidade e que chegou a fazer filmes alcoolizada.“Eu não me lembro nem o nome da atriz que filmou comigo. Eu estava bêbada, o filme foi filmado em Búzios e bebendo era o único jeito de fazer. Eu precisava daquele dinheiro na época”, contou.



POR TRÁS DAS CÂMERAS


O estudante de comunicação da Ufba Rodrigo Diniz Ferreira Cotta, descreveu em seu artigo ‘O que você precisa para ser um Machofucker’, aventuras de quando presenciou a gravação de cenas para um filme pornô e guiou um grupo estrangeiro durante uma visita a Salvador. Segundo Rodrigo, além da câmera e da cama, não havia cenário e nenhum outro aparato técnico. “O que se fez crucialmente presente enquanto eu estava na filmagem foi o uso de maconha, álcool, Viagra e do suporte de vídeos pornôs héteros”, relata. Ainda segundo o estudante, houve um breve momento em que o elenco se conhecia previamente para rolar uma espécie de “química” entre eles.

Para o cineasta Cláudio Marques, o filme pornô busca ser o mais realista possível. “De uma maneira geral são ruins, mal feitos e caricatos. Você percebe o tempo todo que é um filme. Os filmes mais antigos, da década de 70, tinham cenas de sexo explícito, mas com uma construção dramatúrgica”, disse. 


Dirigir uma cena de sexo em um filme é completamente diferente de dirigir um filme pornô. O diretor Adriano Soares conta que foi tranquilo, já que nada acontecia de verdade. “Só conversei com os atores que trabalhavam com o corpo e não tivemos problemas”. Adriano ainda disse que não existe uma luz específica para filmar. As cenas são gravadas com base na insinuação do ato, diferentemente do filme pornô no qual o objetivo é mostrar o sexo. Sobre a questão da luz, Rita Cadilac fez questão de frisar na entrevista que este é um ponto valorizado no cinema pornô “Olha a luz, vira o rosto porque a luz está encobrindo”, disse certa vez um diretor, se referindo às partes íntimas de Rita.


Correio da Bahia

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