Fernanda tem 34 anos, separada há pouco mais de um ano, e se tornou solteira convicta, sob o lema de “solteira sim, sozinha nunca”. 

Aos 42 anos, casada, mãe de filhos adolescentes, Maria quer se aventurar. Já Ana, 38 anos, busca um romance, um relacionamento duradouro, e, para ela, um sexo bem feito, com boas doses de selvageria e carinho, ela pode converter homens "galinhas", transformando-os em pais de família. 

O que essas mulheres cuiabanas têm em comum? Procurar sexo casual pela internet. Para preservar a identidade, os nomes usados nesta reportagem são fictícios.

De acordo com pesquisa feita pelo site de relacionamento alemão C-Date, com mais de 1,5 milhão de usuários brasileiros, as mulheres são a maioria em busca de um relacionamento descompromissado, um sexo casual. 

Elas representam 51% dos internautas mulheres e 49% homens. Conforme o responsável pela comunicação do C-Date no Brasil, Bene Rodrigues, as mulheres estão cada vez mais abertas ao sexo casual. 

"Avisei um amigo policial que sairia com um cara da internet. Se eu morresse, sabia onde poderia achar o paquera. Ele (amigo) falou que eu era completamente louca"



“O número de mulheres que buscam o site é maior do que o de homens, elas querem desfrutar de bons momentos, encontrar pessoas que agradem e, de repente, pode surgir um romance”, diz. 

Na avaliação dele, o romantismo não acabou, mas as mulheres resolveram tomar a frente e assumiram seu papel na sociedade e resolveram ter encontros casuais, sem ter tantas preocupações.

Além do C-Date, outros sites de relacionamento comoBadoo Zoosk também servem de facilitadores para encontros que começam de um simples bate-papo para uma noite de sexo.

Por indicação de uma amiga, Fernanda conheceu o Badoo e, por meio de fotos, passou a selecionar os candidatos. 

“Pelo papo, você percebe se pode rolar algo mais ou não. Fiz amizades e muito sexo por meio da internet. Você tem como saber se aquele cara vai se tornar apenas um amigo virtual ou se há algo a mais”, diz.

Ela conta que teve noites memoráveis com um cara que ela conheceu. O primeiro encontro foi em uma agência do Banco do Brasil, em local público por questões de segurança de ambos. 

Eles checaram as informações sobre onde moravam, onde trabalhavam, amigos em comum. “Avisei um amigo policial que sairia com um cara da internet. Se eu morresse, sabia onde poderia achar o paquera. Ele (amigo) falou que eu era completamente louca”, informa.

Hoje, Fernanda esta 'ficando' com um cara que também conheceu por sites de relacionamento. “Estamos nos conhecendo. Ele é solteiro como eu, e quem sabe possa rolar algo muito mais interessante do que apenas sexo. Vamos ver o que vira”, afirma.

Maria é casada há 20 anos. O relacionamento com o marido caiu na rotina e, por considerar o esposo muito conservador, ela guarda para si suas fantasias e procura realizar com os homens na rede social. 

Ela prefere os atléticos, jovens e bonitos. “Com eles, tenho coragem de me soltar. O melhor disso é que ninguém fica ligando para ninguém. É fácil e simples de resolver”, diz.

Há dois anos, ela utiliza essa válvula de escape para se realizar como mulher. Como cada pessoa tem seu cheiro, seu sabor e sua história, ela chegou a se apaixonar por um desses seus amantes. 

“Ele me tratava como rainha e também se envolveu. Mas a família pesou mais. As paixões são passageiras e para evitar que isso acontecesse de novo, eu passei a evitar dois ou mais encontros com a mesma pessoa. Ainda sou mulher e posso me apegar”, conta.

Ela não gosta de falar muito sobre como faz para driblar o marido. Maria diz que passou a ter essa atitude depois que descobriu as 'puladas de cerca' do companheiro. “Ele me traiu até com amigas e sempre vivia pedindo perdão”, desconversa.


"Há homens carentes e desiludidos também. Com uma boa dose de sexo bem feito e com carinho, você pode ganhar o coração de qualquer garanhão"

Ana é mais romântica e muito seletiva. Mais do que sexo casual, ela procura o príncipe encantado. Como as outras entrevistadas ela também já conheceu homens para sexo casual, mas o que ela busca na verdade é um relacionamento. 

“Há homens carentes e desiludidos também. Uma boa dose de sexo bem feito e com carinho, você pode ganhar o coração de qualquer garanhão”, acredita.

A pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Vera Bertolini, disse que não tem como aprofundar em uma opinião sobre o assunto por não ter analisado a fundo essa tendência, mas avalia que as mulheres estão buscando um modelo de liberdade baseada nos homens. 

“Elas estão bebendo mais, adquirindo hábitos não saudáveis como base nesse modelo libertário masculino. É difícil avaliar se com esse comportamento elas se aproximam mais do machismo ou do feminismo”, observa.

Bertolini diz ser muito complexa a análise do comportamento predador das mulheres semelhante aos homens, carecendo de um estudo mais aprofundado sobre o tema.

Um predador: tubarão branco

Loiro, olhos verdes, corpo atlético e 32 anos. O catarinense André se considera um predador e o apelido dele simboliza isso: tubarão branco. 

Direto, ele já diz para as mulheres o que esperam delas. Não ilude, não dá esperanças. Ele quer sexo com boa dose de perigo, como transar em cima de capo de carro no meio da rua.

Há cerca de dois anos, ele usa site de relacionamento para encontrar mulheres. Diferentemente da balada, na internet ele percebe que as mulheres ficam mais à vontade para 'intimar' o cara. 

“Vou te contar uma coisa: a mulherada tá carente demais, tá faltando homem no mercado. Quem não está dando conta, eu terceirizo mesmo. Não tenho interesse em me envolver, meu negócio é finalizar e tchau”, conta. 

A maioria das mulheres que o procura é casada, com idade entre 30 e 35 anos. Mas, ele já levou para cama garota de 18 anos a uma de 50 anos.

 “Essas mulheres são bem-sucedidas, tem a vida delas e querem sexo. O maridão não comparece, aí comigo fazem tudo o que não fazem em casa: sexo anal, menage (sexo a três) e tudo o que você pensar”, diz. 

Vou te contar uma coisa: a mulherada tá carente demais, tá faltando homem no mercado. Quem não está dando conta, eu terceirizo mesmo. Não tenho interesse em me envolver, meu negócio é finalizar e tchau"



Há mulheres que levam meses para ceder o primeiro encontro. Outras mal trocam mensagens e saem para encontrar no mesmo dia. 

O vendedor Elton, 38, já se deparou com essas situações. “Procuro fazer amizades também, mas se rolar fácil, rolou. A maioria das mulheres que falam comigo querem sexo mesmo”., explica

Assim como Ana, ele também crê na possibilidade de relacionamentos duradouros que comecem com sexo casual. “A gente analisa a pessoa também, o papo, a cabeça da mulher. Tem mulheres que a gente passa meses conversando, entre gente solteira pode rolar até casamento”, completa.

Pecados do sexo casual

Por meio de pesquisas, o C-Date apontou que, para os usuários do site, existem quatro pecados que não devem ser cometidos para quem busca sexo casual. Não usar camisinha é o mais grave, seguido por tratar o parceiro como objeto, avisar logo de cara para não se apaixonar e abrir o coração e falar da vida sentimental.

Na hora H, os homens gostam de se sentir poderosos. Os gemidos das parceiras é o maior termômetro do sucesso deles na cama. Frases como "sou toda sua" e “você é demais” funcionam bem como mecanismo de massagem ao ego deles. Já as mulheres querem se sentir especiais, mesmo numa relação sem envolvimento sentimental. 

Em um total de 2.022 entrevistados ouvidos entre 25 de fevereiro e 02 de março de 2013, 57,67% responderam que seria perfeito ter relações sexuais todos os dias. 

Por outro lado, há quem defenda a ideia de que o ideal seria de duas a três vezes por semana (39,37%), enquanto apenas 2,97% falaram que apenas uma vez por semana é o suficiente.


"Existem quatro pecados que não devem ser cometidos para quem busca sexo casual. Não usar camisinha é o mais grave, seguido por tratar o parceiro como objeto, avisar logo de cara para não se apaixonar e abrir o coração e falar da vida sentimental"

Embora a maioria dos usuários tenha afirmado que fazer sexo todos os dias da semana seria o ideal, isso não quer dizer que necessariamente isso aconteceria com a mesma pessoa. De um total de 1.363 pesquisados sobre quantos parceiros sexuais já tiveram 38,22% disseram que o que esse número foi menor que 10. 

Para 26,93% essa quantidade está entre 10 e 20 parceiros. E cerca de 21% disseram já ter realizado relações sexuais com mais de 40 pessoas, e 13,13% afirmaram que o índice já alcançou algo entre 30 e 40 pessoas.

Se formos considerar toda a América Latina, o Brasil é o país com maior número de parceiros sexuais em toda a vida, segundo uma pesquisa realizada em 2010 pela Tendencias Digitales. Isso geralmente se deve a idade em que a vida sexual é iniciada.

As brasileiras, por exemplo, começam a ter relações aos 15 e se casam aos 28 anos. São cerca de 13 anos de experimentação e troca de parceiros, em média. 

Esses dados são de um levantamento realizado em 2012 pelo Censo do IBGE, juntamente com a sexóloga Carmita Abdo.


Midia News

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