
Considerado um dos mais importantes fóruns de debate de direitos humanos
do mundo, a 22ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização
das Nações Unidas (ONU) abriu espaço, esta semana, para que
representantes de organizações não governamentais (ONGs) denunciassem
violações ocorridas no Brasil. A sessão ocorre em Genebra, na Suíça. Ela
começou no dia 25 de fevereiro. O ministro das Relações Exteriores,
Antonio Patriota, compareceu à cerimônia de abertura, no dia 25 de
fevereiro, quando condenou a violência na Síria. O evento termina no dia
22 deste mês.
Na última sexta-feira (8), a ONG Conectas e mais seis organizações de
defesa dos direitos humanos expuseram para os representantes dos 47
Estados-Membros do conselho e participantes da sessão a situação dos 191
mil presos provisórios existentes no Brasil. “Trinta e cinco por cento
da população carcerária brasileira são constituídas de presos
provisórios. Muitas dessas pessoas não deveriam estar presas. Várias
delas estão detidas em delegacias de polícia ou cadeias públicas”,
denunciou a advogada da Conectas, Vivian Calderoni, comentando que o
Brasil é o único país da América Latina a não prever as audiências de
custódia, que poderiam reduzir as ilegalidades de algumas prisões
cautelares.
“Desse modo, muitas pessoas que poderiam se beneficiar de medidas
cautelares alternativas à prisão permanecem vários meses presas,
cumprindo uma pena antecipada que, às vezes, supera, inclusive, a pena
pelo delito pelo qual foram detidas”, completou Vivian, apontando também
a precariedade estrutural das defensorias públicas - responsáveis por
garantir assistência jurídica às pessoas que não podem pagar um advogado
- e as “condições degradantes das carceragens brasileiras.
“Os presos, no Brasil, são amontoados pelas unidades prisionais, sem
acesso à saúde, sem alimentação adequada, sem acesso suficiente à água
potável, sem saneamento básico, sem acesso ao trabalho e à educação.
Sendo submetidos a torturas e maus-tratos”, disse Vivian. Assinam a
nota, além da Conectas, a Associação para a Reforma Prisional, Instituto
de Defesa do Direito de Defesa, Instituto Sou da Paz, Instituto Terra
Trabalho Cidadania, Justiça Global e Pastoral Carcerária.
Na última segunda-feira (4), os conselheiros da ONU ouviram a
representante da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa
(Ancop), Giselle Tanaka, denunciar as remoções forçadas e as violações
de direitos que, segundo a entidade, estão ocorrendo no Brasil devido
aos preparativos para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas
de 2016 e por causa da especulação imobiliária. A Ancop reúne os
comitês populares criados nas cidades-sede desses grandes eventos
esportivos para cobrar que os investimentos públicos sirvam para
diminuir as desigualdades sociais, promovendo a melhoria das condições
de vida da população.
A Ancop estima que cerca de 170 mil brasileiros já foram removidos de
suas casas ou ameaçados a ter que deixá-las devido às obras executadas
em função da Copa e das Olimpíadas. Durante a sessão, a representante da
entidade pediu ao conselho que recomende ao governo brasileiro que pare
imediatamente com as remoções forçadas.
“A realização desses eventos esportivos poderia ter criado a
possibilidade de viabilizar significativos investimentos sociais e na
infraestrutura do Brasil. Infelizmente, os investimentos têm sido mal
planejados e, em virtude das pressões da Federação Internacional de
Futebol (Fifa) e do Comitê Olímpico Internacional (COI), têm resultado
em enormes problemas para as comunidades locais”, disse Giselle,
criticando a falta de políticas públicas para prevenir a exploração
sexual; os altos custos de construção de estádios em detrimento de
investimentos em áreas cruciais, como saúde e educação; as restrições ao
trabalho autônomo e de pequenos comerciantes; e a aprovação de leis
especiais que se sobrepõem a direitos já conquistados pela população.
Da Redação com Agência Brasil
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