Para os gestores que vão administrar uma
Prefeitura pela primeira vez, o Tribunal de Contas ofereceu uma
orientação sobre as primeiras atitudes que devem ser tomadas pelos
prefeitos ao assumirem seus cargos. O primeiro passo é conhecer a
máquina administrativa e entender o seu funcionamento, o que permite uma
avaliação sobre sua eficiência e a melhor maneira de garantir bons
resultados.
Os prefeitos devem se inteirar, por
exemplo, sobre a distribuição da estrutura administrativa, identificar
quantos e quais são os órgãos administrativos, secretarias e
departamentos. As finanças do Município também devem ser verificadas,
como no caso da situação de adimplência com o INSS, a Cagepa, o FGTS, a
Energisa e os bancos, por exemplo.
O documento ainda orienta a busca
para avaliar a situação dos seus arquivos de documentos legais,
contábeis, financeiros, administrativos, bem como o estoque de matérias
de expediente, merenda escolar, remédios e outros produtos necessários
para o andamento da administração. A determinação é de que se verifique a
confiabilidade dos inventários deixados pelo antecessor.
“Queremos que os gestores assumam
sabendo os compromissos de curto, médio e longo prazos. A Lei de
Responsabilidade Fiscal impõe e estabelece que nenhum compromisso pode
ser assumido sem a respectiva previsão orçamentária e financeira. Os
novos devem fazer todo esse levantamento e tomar medidas que julgarem
necessárias”, explicou Fábio Nogueira.
Ele também alertou que algumas
situações vão exigir atitudes extremas dos prefeitos, que devem manter o
pulso firme. “Serão necessários cortes e medidas mais firmes em relação
a contenção de despesas para que outros compromissos possam ser
honrados. A orientação é genérica nesse sentido”, afirmou.
Caso os gestores identifiquem
qualquer tipo de irregularidade na administração anterior, deverá
procurar imediatamente os órgãos responsáveis. “Ele deve comunicar
oficialmente o Ministério Público, ajuizar as ações cabíveis no âmbito
do judiciário e também oficiar ao Tribunal de Contas. As denúncias que
forem processadas serão tratadas ao analisarmos as prestações de conta”,
explicou.
Durante suas visitas e inspeções
cotidianas, o TCE também vai averiguar eventuais problemas de condutas
que possam ensejar aplicação de multas ou, em última instância, o
julgamento irregular das contas. “O Tribunal está à disposição dos
gestores e também de secretários e técnicos de Prefeituras e Câmaras.
Isso dentro da visão de o Tribunal ser um órgão que, antes de punir, tem
a preocupação de orientar”, arrematou o futuro presidente.
MPPB fiscalizará os serviços essenciais
Ministério Público do Estado, que
desenvolve seu trabalho de fiscalização da conduta das máquinas
administrativas também está se preparando para dar início ao seu
trabalho com relação ás novas gestões.
O procurador geral de Justiça do
Estado, Oswaldo Trigueiro, afirma que não haverá prioridades para o
órgão, mas que muita atenção será dispensada à questão da
responsabilidade com os serviços essenciais que devem ser prestados à
população.
“O Ministério Público não vai determinar nenhuma prioridade, mas existem pontos que acabam gerando uma atenção maior”, explicou.
“O primeiro deles é o serviço
essencial, como a saúde e a educação”, listou. Ele também aponta
preocupação com a segurança pública, a destinação do lixo e os
investimentos feitos pelos gestores em projetos que possam trazer
benefícios para os moradores, bem como a sua execução.
Com relação aos serviços essenciais,
Oswaldo explicou que os prefeitos precisam entender o papel
constitucional de cada um deles para que possa seguir o que é
determinado oficialmente em aplicações e investimentos. Como exemplo, a
saúde precisa receber no mínimo 17% em investimentos. No caso da
educação, esse valor passa a ser de 22%.
A questão financeira também deve ser
tratada com atenção e cuidado. “A expectativa que temos é que haja uma
postura de probidade, com observação dos percentuais e limitações de
cada Município, o respeito e a aplicação da Lei de Responsabilidade
Fiscal e o cuidado com a folha de pagamento, com salários em dia e de
acordo com estrutura disposta na Prefeitura”.
Além disso, o procurador-geral prega
a cultura do planejamento. “É necessário fazer tudo com muito estudo e
planejamento antecipado. Os gestores precisam tratar a máquina com toda a
atenção e para isso também devem possuir uma equipe responsável.
Orientamos que eles escolham assessores técnicos e não políticos. A
contabilidade com a coisa pública não é simples”, alertou.
Para garantir o bom andamento dos
trabalhos, ele pediu que os prefeitos mantenham aproximação com os
órgãos de fiscalização e controle, para recorrer sempre que necessário.
Buba: “Trabalhamos no limite prudencial”
Diante de tantas regras e
orientações, muitos prefeitos vão encontrar uma missão muito difícil
pela frente. O problema é trabalhar diante de uma situação de total
desequilíbrio financeiro, como informou o presidente da Federação das
Associações de Municípios da Paraíba, Buba Germano. “Estamos todos
trabalhando no limite prudencial dos municípios”.
A situação, de acordo com Germano, é
provocada pela disparidade entre o que os municípios recebem e gastam.
“Tivemos um acréscimo de receita de 3,1% de 2011 para 2012, em
compensação, nossas despesas aumentaram em torno de 28%. Ninguém
consegue encontrar o equilíbrio financeiro dessa forma”, afirmou. De
acordo com ele, muitos gestores deixaram de pagar as folhas, por
exemplo, e só farão isos no próximo dia 10 .
O presidente ainda mostrou aprovação
a uma atitude do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, que
admitiu flexibilizar a fiscalização no que se refere a gastos com
pessoal. “Isso é o ideal pelo fato de o desequilíbrio não ser provocado
por gestos dos municípios. As prefeituras não são responsáveis por essa
situação. O grande culpado disso é a União, tanto que o mesmo quadro
pode ser verificado em todos os Estados do país”, apontou.
Para que haja algum êxito na
administração, a Famup também fez algumas orientações aos prefeitos. “O
que pedimos é que não façam ajustes de pessoal sem o conhecimento da
folha, não contrate novos servidores de imediato e que não excedam em
gastos com comissionados. Se eles não conseguirem encontrar um
equilíbrio nos primeiros dois meses, vai ser muito difícil fazer isso a
partir de março”, afirmou o presidente.
Buba ainda contou que a entidade não
foi procurada por nenhum prefeito em busca de auxílio, mas que o órgão
estará a disposição para qualquer orientação ou para recorrer aos órgãos
de controle e fiscalização. “Ainda é muito cedo e os prefeitos estão
começando a sentir as Prefeituras e identificar os problemas. Depois
disso o contato deverá ser mais frequente”, finalizou.
Fonte: Do Correio da PB
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