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Imagem Ilustrativa |
Mais de quinze anos depois da ovelha Dolly, o sonho - ou o pesadelo - de clonar um embrião humano acaba de se tornar realidade.
Em 2005, o cientista sul-coreano Woo Suk Hwang afirmou ter conseguido
clonar células humanas, mas depois descobriu-se que seus dados eram
falsos.
Em 2011, outra equipe criou células-tronco embrionárias humanas, mas os óvulos resultantes eram inviáveis, e não poderiam ser usados para clonagem.
Agora, Shoukhrat Mitalipov e Paula Amato, da Universidade de Ciência e
Saúde de Oregon, nos Estados Unidos, afirmam ter usado o DNA coletado
de células da pele humana para criar células-tronco embrionárias,
capazes de se transformar em qualquer outro tipo de célula no corpo.
A técnica é uma variação de um método comumente usado, chamado
transferência de núcleo de célula somática, a mesma usada para clonar a
ovelha Dolly, que morreu prematuramente.
A clonagem consiste no transplante do núcleo de uma célula, contendo o
DNA de um indivíduo, em um óvulo que teve seu próprio material genético
retirado.
O óvulo não fertilizado, então, se desenvolve e eventualmente produz células-tronco e, daí, pode se desenvolver normalmente.
O resultado prático é que torna-se possível clonar um ser humano, o que os cientistas afirmam não ser seu objetivo.
"Nossa pesquisa é direcionada para gerar células-tronco para uso em
futuros tratamentos para combater doenças," disse o Dr. Mitalipov.
"Embora os avanços da transferência nuclear frequentemente levem à
discussão pública sobre a ética da clonagem humana, este não é nosso
foco, e nós não acreditamos que nossos resultados possam ser usados por
outros [pesquisadores] para a clonagem reprodutiva humana."
Ética e clonagem humana
O argumento dos cientistas é que essas células-tronco poderiam ser
utilizadas em pesquisas ou em terapias celulares sem as questões éticas
envolvidas com a utilização de embriões naturais, abandonados em
procedimentos de fertilização artificial.
Contudo, a falta de resultados mais consistentes e amplos das
pesquisas com células-tronco - a maioria produz tumores, em vez dos tão
esperados novos tecidos e órgãos sadios - deixou o caminho livre para a
manifestação não apenas dos setores mais conservadores da sociedade,
como também de membros da própria comunidade científica.
Entre os cientistas, a crítica é que outras fontes de células-tronco,
não oriundas da clonagem humana, podem ser mais fáceis de obter, mais
baratas, e menos sujeitas a controvérsias com a sociedade.
Por exemplo, o Prêmio Nobel de Medicina do ano passado foi concedido a pesquisas com células-tronco reprogramadas a partir de células adultas - as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas, ou iPS.
Esta é uma técnica que vem sendo preferida pelos cientistas há mais
de 10 anos, uma linha de pesquisas que surgiu justamente como
alternativa devido à rejeição da clonagem pela sociedade, em vistas do
risco da clonagem humana.
Os argumentos dos autores da descoberta, sobre o não-uso de seus
resultados para fins que eles não desejam, soam parecidos com os pedidos
ingênuos de Santos Dumont para que o avião não fosse usado na guerra,
ou mesmo patéticos como o pedido de Robert Oppenheimer para que o
presidente Truman não usasse a bomba atômica que ele próprio havia
criado.
Diário da Saúde
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