Guilherme Ceretta de Lima apita amanhã a decisão do Campeonato Paulista entre Santos e Corinthians, na Vila Belmiro. Substitui Rodrigo Braghetto, retirado da escala depois que se tornou pública a ligação de sua empresa com o time de Parque São Jorge. Um incêndio que obrigou o responsável pela comissão de arbitragem da Federação Paulista, coronel Marcos Marinho, a agir rapidamente para tentar abafar uma possível crise, mas que expõe a fragilidade da entidade no controle de seus árbitros.


Braghetto foi retirado da escala e se aposentou 
- JF Diorio/Estadão

Aos 29 anos, Ceretta foi escolhido em sorteio realizado na sede da entidade. Seu nome correspondia à “bolinha 1’’ na disputa com Marcelo Aparecido de Souza (2) e Raphael Klauss (3). Braghetto havia sido designado também por sorteio.

A FPF alega que não sabia até a manhã de ontem que a Apto Esportes, empresa de Braghetto, prestava serviços ao departamento amador do Corinthians – e para outros clubes, como São Paulo e Portuguesa –, entre eles, o de arbitragem de jogos internos. O juiz não teve a iniciativa de comunicar a atividade e a entidade só tomou conhecimento por meio de informações na internet.

“A gente sabe que ele (Braghetto) tem uma empresa, mas não os clientes para os quais trabalha’’, reconheceu Marinho. “E o regulamento da federação diz que ninguém pode ter ligações com clubes.’’
O coronel se refere ao artigo 15 do regulamento geral de arbitragem, que determina que “a condição de árbitro é incompatível com o exercício de qualquer cargo executivo em órgãos ou entidades ligadas à FPF, ou a qualquer clube de futebol”.

Marinho, porém, considera que não cabe à entidade investigar as atividades de seus árbitros e auxiliares. “Eu não vou colocar detetive atrás de cada um dos 550 árbitros que a federação tem’’, reagiu ao ser questionado. “Eles são bem grandinhos, sabem o que fazem e o risco que correm.’’
Braghetto, de 38 anos, teve uma reação polêmica à sua retirada do clássico como consequência de suas relações com o Corinthians: anunciou o fim da carreira. Disse que nunca se envolveu em polêmica nos 17 anos que se dedicou à arbitragem, que os juízes são uns “abnegados’’ e que têm condições “sub-humanas’’ de trabalho.

Contradições
O árbitro disse também que, apesar da polêmica, sentia-se preparado para apitar na Vila Belmiro. Garantiu que não pediu para ser afastado da partida. “Foi uma decisão da FPF’’, disse.

Nervoso e por vezes confuso, o chefe de arbitragem deu sua versão para o afastamento. Disse que Braghetto lhe telefonou, deixando-o “à vontade’’ para fazer o que entendesse ser o melhor. “Aí, achamos melhor tirá-lo do jogo para preservá-lo, por causa da repercussão. Mas o Braghetto tem toda a nossa confiança, assim como todos os outros árbitros. Não existe nada em seu passado que nos leve a desconfiar dele.’’

Por isso, o juiz não seria punido pela federação caso não tivesse se aposentado. “Sair de uma final já é uma grande punição’’, entende Marinho. “O Rodrigo poderia apitar qualquer jogo depois disso’’, garantiu. “Menos do Corinthians’’, acrescentou em seguida.

Controle deficiente
A polêmica envolvendo Rodrigo Braghetto expõe mais uma vez a fragilidade da FPF no controle de seus árbitros. Nos últimos anos, houve alguns escândalos nessa área. Em 2005, investigação da Polícia Federal concluiu que dois juízes, então ligados à entidade, Edílson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon, manipulavam resultados em troca de dinheiro.

Em 2011, o Jornal da Tarde revelou, antes da realização do sorteio, que Paulo César de Oliveira seria o juiz do clássico entre Corinthians e Palmeiras, pelo Paulistão.

Atualmente, o controle sobre os árbitros é limitado às informações passadas por eles próprios e à entrega anual de documentos como atestado de antecedentes criminais, de análise de créditos e informações sobre possíveis dívidas.

A FPF não exige, porém, ter acesso à declaração do Imposto de Renda de juízes e auxiliares, por exemplo. Poderá passar a pedir? “Pode ser, é um assunto para ser discutido’’, titubeou Marinho.
Atualmente, um árbitro só é passível de uma investigação mais aprofundada caso ocorra alguma denúncia, que precisa ser feita na corregedoria da FPF ou na ouvidoria da arbitragem.


Agora MS

Advertisement

0 Seu comentário é sempre bem vindo!:

Postar um comentário

Deixe-nos seu comentário sobre a matéria. Entretanto, trate com respeito os demais leitores.

Evite comentários e termos grosseiros, agressivos ou que possam ser interpretados como tais.

Obs: Evitem se indetificar como Usuários anônimos.

Total de visualizações

Click/ Ouvir

Click/ Ouvir
Imagem Exclusiva!
 
Top