O temido diabo marcou presença nos dois primeiros discursos do papa
 Francisco, que já na época de primaz da Igreja argentina culpou satanás
 de estar por trás da iniciativa de legalizar o casamento entre 
homossexuais.
"Não cedamos nunca ao pessimismo 
nem à amargura que o diabo nos oferece a cada dia", disse Francisco em 
um encontro, esta sexta-feira, com seus "irmãos cardeais" na Sala 
Clementina do Palácio Apostólico do Vaticano.
No
 dia anterior, em uma missa celebrada na Capela Sistina para os cardeais
 que participaram do conclave, o primeiro Papa latino-americano já tinha
 se referido a este ser sobrenatural que, na tradição católica, é o 
inimigo de Deus e o culpado por todos os males da Terra.
"Quem
 não reza ao senhor, reza ao diabo, quando não se confessa a Deus, se 
confessa à mundaneidade do demônio", afirmou nesta homilia chave na qual
 expôs os princípios de seu pontificado: "Caminhar, Edificar, 
Confessar".
No entanto, estas referências ao 
maligno não são totalmente surpreendentes, visto que quando era 
arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, já tinha recorrido a ele 
para expressar sua férrea oposição, em 2010, ao projeto de lei 
impulsionado pelo governo para legalizar o casamento gay.
O
 cardeal Bergoglio atribuiu na ocasião a "uma manobra do diabo", a uma 
"pretensão destrutiva do plano de Deus" a iniciativa legislativa que 
desgastou suas relações com a presidente Cristina Kirchner, que acabou 
sendo aprovada.
Além disso, inclusive mais do 
que na Idade Média, a maioria de seus antecessores nos dois últimos 
séculos, incluindo Bento XVI (2005-2013) e João Paulo II (1978-2005), 
recorreu com frequência ao demônio e suas várias formas de 
interpretá-lo.
"Há quem veja no diabo a própria
 personificação do mal e quem fale dele como uma identidade simbólica 
que representa nossa incapacidade de fazer o bem", explicou o teólogo 
laico italiano Brunetto Salvarani em declarações ao jornal Corriere 
della Sera.
Tudo parece indicar que a segunda 
hipótese é a que inspira, nesta ocasião, o Papa quando citou o diabo 
diante dos grandes desafios que terá que enfrentar no comando de uma 
Igreja desacreditada por escândalos dentro da cúria e de pedofilia, e 
que perde fiéis.
A frase mais famosa de um Papa
 sobre o diabo, lembrou o Corriere, foi proferida por Paulo VI, em 29 de
 junho de 1972, poucos anos depois do encerramento do Concílio Vaticano 
(1963-1965), impulsionado por seu antecessor, João XXIII, para 
modernizar a Igreja, e continuado por ele.
"Há 
uma sensação de que, por alguma fissura, entrou a fumaça de Satã no 
templo de Deus", disse, em alusão à crise que a Igreja vivia numa época 
de Guerra Fria e liberação sexual.
Diário de Pernambuco 
 

 
 

 
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