Para tentar equilibrar as cobranças nos planos ilimitados de
telefonia móvel, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai
proibir as operadoras de cobrarem por novas chamadas para um mesmo
número se a ligação cair.
A medida vem uma semana depois de o Ministério Público no Paraná ter
divulgado relatório de fiscalização da agência que acusava a TIM de
derrubar intencionalmente a ligação dos clientes do plano Infinity para
ganhar pela cobrança de uma nova chamada. A medida da Anatel atingirá
todas as operadoras, mas a TIM deve ser a mais afetada.
Uma fonte ligada ao Conselho do órgão regulador revelou com
exclusividade à Agência Estado que a proposta é dar 2 minutos para que
as pessoas refaçam suas ligações sempre que houver uma queda,
independentemente do motivo. Durante esse período, as operadoras não
poderão cobrar pela nova chamada. "O objetivo é colocar essa regra em
vigor o mais rápido possível. Os planos ilimitados são atraentes para os
consumidores, mas precisam ser justos", afirmou a fonte.
A proposta está no chamado "circuito deliberativo" do órgão regulador
e pode ser aprovada individualmente por cada conselheiro, antes mesmo
da próxima reunião do colegiado na próxima quinta-feira. Após isso, a
medida deverá passar por um curto período de consulta pública antes de
entrar em vigor.
Mais quedas
Atualmente, as normas da Anatel preveem a gratuidade de uma nova
chamada apenas nos 30 segundos iniciais de cada ligação. Mas como nos
últimos meses a agência verificou um aumento considerável de quedas em
chamadas mais longas, esse mecanismo será adaptado. A regra vale para
qualquer tipo de telefonema originado por celulares, seja para fixos ou
móveis e em chamadas locais ou interurbanas. "Para os clientes que pagam
por minuto utilizado, não haverá nenhuma mudança, mas os usuários de
planos ilimitados serão muito beneficiados", completou a fonte.
Para a Anatel, os 120 segundos serão suficientes para que qualquer
usuário tenha condições de refazer a ligação perdida. "Sabemos que
algumas pessoas têm dificuldade para digitar o número no telefone, e
esse tempo também garante a recuperação da chamada em outras condições,
como uma queda de bateria do aparelho ou ainda a passagem por um túnel
ou outra área de sombra de sinal", exemplificou.
Perdas. Na prática, a medida pode representar perda de receita para
as companhias que recebem por cada nova ligação nesses planos, mas a
Anatel alega que essa perda não poderia ser computada, porque os planos
de negócios das companhias já levam em consideração chamadas realmente
ilimitadas. "O ganho que algumas companhias têm com essas quedas seria
indevido, porque elas não entregam o que está escrito no contrato. A
medida, na verdade, irá fortalecer os planos ilimitados, pois os
usuários terão mais segurança ao optar por esse tipo de serviço",
concluiu a fonte.
Um relatório de fiscalização da Anatel divulgado na semana passada
apontou que a TIM teria faturado R$ 4,3 milhões pelo desligamento das
ligações de 8,2 milhões de usuários dos planos Infinity. Após pressão do
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o processo que trata da
suspeita de derrubada deliberada das ligações por parte da empresa deve
ser julgado pelo órgão o mais rápido possível.
Em resposta à acusação, a TIM negou "veementemente que eventuais
quedas de chamadas de seus clientes Infinity sejam motivadas por ação
deliberada da companhia". A empresa afirmou também que o relatório da
Anatel contém "graves erros de processamento, que alteram as informações
apresentadas e levam a conclusões erradas".
A operadora controlada pela Telecom Italia é a mais agressiva no País
na oferta dos chamados planos ilimitados, que não cobram por minuto
utilizado nas ligações, mas sim por cada chamada efetuada. O sucesso
dessa estratégia levou a TIM a assumir no ano passado o segundo lugar no
mercado, ultrapassando a Claro e ficando atrás apenas da Vivo.
Apesar de os planos Infinity serem apontados pela Anatel como uma das
causas do estrangulamento das redes que levou a empresa a ter suas
vendas suspensas por 11 dias em 18 Estados e no Distrito Federal,
executivos da companhia garantem que vão manter o modelo.
Procurado, o SindiTelebrasil, sindicato que representa as empresas, não se manifestou sobre o assunto.
Com Maceió Agora
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