Vista ampla do centro da cidade de Desterro

A vila Desterro

Situada quase nas fraldas das serras que se alteiam além do planalto do cariri, a vila de Desterro, cercada de contrafortes, apresenta um aspecto semelhante aquele que deparamos muitas vezes nas cidades do sul. Colocaram-se os seus fundadores, na confluência de dois rios, donde lhe podia muito bem vir o nome de Entre Rios ou Mesopotâmia. Certamente no tempo de fundação já encontram o sitio batizado com aquele nome que não impressiona bem, principalmente aos desconhecidos da localidade. De outro lado os fundadores talvez não sonhassem com o futuro promissor da atua vila, do contrario ter-lhe dado o nome auspicioso, em vez de conservarem o nome da velha fazenda-Desterro.

A origem deste nome atribui-se a uma de terra que se estendia até a serra do monteiro, ao norte da vila. Toda a região a região que forma o distrito de Desterro encontra-se no que chamam cabaceira do cariri.  É um terreno de transição entre a chapada da Borborema e as cordilheiras mal alinhadas que de Taperoá seguem margeando o nome do rio e tomando o rumo de princesa Isabel. 

Grande parte desta terra estava incluída na velha data que tinha o seu nome especialmente ligado a este ou aquele sitio mais importante.

Contou-se o senhor Romão Marcolino de Souza que seu pai Manoel dos Reis Souza, natural da cidade do Recife Pernambuco, e sua mãe dona Silveira Maria da Conceição, natural de Cimeres, em Pernambuco, compram parte do terreno, onde hoje se encontra a vila de Desterro, isto seria talvez no ano de 1845. Estava no momento, terrível epidemia, no decorrer da seca que devastou todo o sertão paraibano. Por tal motivo Dona Silveira fez uma promessa a Nossa Senhora do Desterro para que se desterrasse aquele mal que estava acabando com a população. Obtida a graça desejada, cumpriu religiosamente o seu voto, mandando construir um cemitério no local onde hoje está localizada a igreja de Nossa Senhora do Desterro.

Fundação do Povoado

No decênio de 1870 a 1980 os negociantes, Romão Marcolino de Souza e José Marcolino, Joaquim Mendonça e outros, iniciaram e continuaram uma pequena feira na confluência do rio Taperoá com o rio dos Porcos, junto à velha casa de taipa da fazenda Desterro que em tempos de estranhos pertenceram ao Sr. Bernardo Duarte – Barão Icó. Ao tempo em que começou a feira, já pertencia aquela propriedade ao (Coronel Juéca) Jesuino Vilar de Araujo, e que juntamente com o padre Manoel Ramos, vigário de monteiro, muito influíram na evolução daquele núcleo comercial que ali nascia à sombra de sua proteção.

Em 1889, começou as primeiras construções das primeiras casas quase todas destinadas ao comercio, era natural que os negociantes de Teixeira sede do município, estendessem para ali a esfera de suas atividades lucrativas, nesse tempo as primeiras casas comerciais pertenciam aos senhores.

José Jerônimo de Barros Ribeiro, Francisco Leite Ferreira, Dario Ramalho, Joaquim Viera de Melo, José Barbosa Nogueira Paz, Virgulino Soares Cavalcante e Unias Soares Cavalcante. A casa da fazenda que era um velho padeiro de taipa foi logo transformada uma das mais confortáveis vivendas do sertão, as demais construções apresenta bastante solidez, dimensões vastas e boas aparências, reunindo assim o útil ao agradável e mostrando a um tempo o sabor arquitetônico dos fundadores do povoado, o exemplo é que sempre uma norma de ação, ficou implantado ali como semente germinadora em terreno fértil de sorte que ainda hoje todas as construções são bem solidas e de bom gosto.

Evolução do povoado
A povoação de Desterro progrediu sempre, embora lentamente porque a sua principal via de comunicação que liga Teixeira a Taperoá passando por ali tem pouco movimento comercial alias esta é a sorte de todas as localidades que estão fora do eixo do comercio interior do estado. O segundo fator desse progresso retardatário é construído pelo desprezo a que estão entregues as estradas ainda carroçáveis que servem a essa região. Quanto a Desterro, houve mais um fator que influiu muito na macha do seu desenvolvimento ou progresso? Foi a velha política do tempo passado que retardara o progresso deste município. Esta política envolvendo-o numa trama de intrigas e perseguições que abalaram a então vila de Teixeira e de toda comuna. Apesar deste obstáculo fundou-se em pouco tempo uma escola particular dirigida pelo professor Lindelfonso Ramalho que prestou ótimos serviços aos bastantes do povoado e das circunvizinhanças. Foi construído um cemitério dedicado a São Miguel e pelo mesmo tempo foi iniciado o trabalho da igreja Nossa Senhora do Desterro. De primeiro edificaram somente a capela-mor, mas depois com o auxilio de dona Douçalina Vilar, Esposa viúva do coronel Juéca e com esmola do povo, construíram o altar-mor, frontispício e as duas torres da igreja. Isto aconteceu no ano de 1926, por influencia do Dr. João Suassuna, deputado federal, foi criado ali uma agencia dos correios e telégrafos, que ainda existe prestando relevantes serviços à população deste distrito. Mais tarde foi criada uma escola rudimentar custeada pelo estado, alem desta foi criada no ano de 1939 uma escola paroquial pelo zeloso vigário padre Pedro Serrão. No ano de 1939, Desterro foi elevado à categoria de vila por ser sede do distrito do mesmo nome. Isto foi feito pela lei federal que regulou a divisão administrativa e judiciária do estado, a vila continua a progredir, contando atualmente com dois quinemos de beneficiar algodão, sendo um da firma Ferreira irmãos e outros do senhor Pedro Leite Ferreira, em 19 de Novembro de 1929 foi inaugurada a luz elétrica que pertence a mesma firma acima referida, sendo auxiliada pelo município com a verba de (Duzentos mil reais mensal) a vila conta já no perímetro urbano. Cerca de 80 casas de tijolos todas bem construídas fora as outras interiores. As primeiras fontes de receitas do distrito de Desterro foram criação de gado e a agricultura, possuindo também algumas minas como as de grafites prestes a serem exploradas as jazidas de tintas, rútilo, ferro, etc.

Bibliografia - Pesquisa realizada por José Soares Sobrinho, no ano de 1975 - Artigo Publicado na revista Manaíra - João Pessoa, Maio de 1940, Ano I – Blogado por Desterronline.

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