Mais
de 68% dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) – homicídios,
latrocínio e lesão corporal seguida de morte – praticados contra
mulheres este ano na Paraíba foram resolvidos por meio do trabalho
integrado de policiais civis e militares. Dos 80 assassinatos desse tipo
registrados até junho, 55 estão solucionados, 21 com autoria definida e
34 com os acusados presos. No primeiro semestre do ano, não houve
registro de homicídios de mulheres em 195 municípios paraibanos.
Entre
casos solucionados rapidamente, destaca-se a prisão em flagrante do
grupo que assassinou e esquartejou duas mulheres no bairro dos
Funcionários I, em João Pessoa, no dia 6 de junho. Poucas horas após o
duplo homicídio, sete adultos foram presos e um adolescente apreendido.
Conforme o inquérito policial, o crime teria sido motivado por vingança.
"Uma das mulheres mortas era namorada do presidiário que disse ter
ordenado o crime por ter sido traído”, comentou o delegado de Crimes
contra a Pessoa da Capital, Marcos Paulo Vilela.
Outro
crime de repercussão resolvido rapidamente pela Polícia da Paraíba foi o
assassinato de duas mulheres ocorrido no município de Queimadas, Brejo
paraibano, no dia 12 de fevereiro. Menos de 24 após os homicídios,
policias da Delegacia de Crimes contra a Pessoa de Campina Grande
conseguiram prender todos os acusados de terem assassinado Isabela
Pajuçara, 28, e Michelle Domingos, 29, e estuprado outras cinco
mulheres. Isabela e Michele foram mortas porque conseguiram perceber que
seus vizinhos, Eduardo e Luciano dos Santos, forjaram um assalto para
praticar o estupro coletivo durante uma festa de aniversário realizada
na casa deles. Pelos crimes, a delegada Cassandra Maria Duarte indiciou
sete adultos e responsabilizou três adolescentes.
Ações preventivas -
Apesar de uma parcela dos homicídios ocorridos na Paraíba se enquadrar
nos casos de violência doméstica (por terem sido praticados por pessoas
íntimas das vítimas), o secretário da Segurança e da Defesa Social
(Seds), Cláudio Lima, ressaltou que muitas mortes são causadas pelo
envolvimento da mulher com a criminalidade. "Temos uma grande
preocupação com esses crimes que são motivados não só pelos casos de
proximidade, a chamada violência doméstica, mas também pelo envolvimento
crescente das mulheres com o tráfico de drogas”, explicou. Em João
Pessoa, por exemplo, dos 29 homicídios de mulheres ocorridos este ano,
apenas seis foram motivados por violência doméstica.
Nesse
contexto, para reprimir os crimes motivados pelas duas situações, a
Secretaria tem investido, paralelamente ao trabalho repressivo da
polícia, em ações de prevenção para vencer o grande desafio de reduzir
os homicídios motivados por violência doméstica, a exemplo dos
passionais. "Evitar essas mortes não depende só da polícia. Dessa forma,
estamos nos articulando com as Secretarias da Mulher e do
Desenvolvimento Humano para que seja feito um trabalho preventivo e de
mediação de conflitos”, disse.
No
âmbito das competências da Polícia Civil, uma das recentes e
importantes ações da Seds no combate à violência contra a mulher foi a
publicação da portaria 54/2012 no dia 3 de julho, que dispensa a
apresentação de testemunhas para o registro da notícia crime nos casos
de ameaças sofridas por mulheres na Paraíba. No texto, se destaca que
quando a mulher tiver a vida ameaçada serão enviadas cópias do
procedimento policial à Delegacia de Crimes contra a Pessoa da Capital.
"Consideramos a necessidade de garantir o direito fundamental à vida e o
cumprimento da Lei 11.340/2006, a Lei Maria da Penha”, defendeu Cláudio
Lima.
Na
mesma edição do Diário Oficial, a Secretaria da Segurança e Defesa
Social publicou a portaria 53/2012, que determina às delegacias o
preenchimento de um formulário quando houver registros de casos de
violência contra a mulher. O texto foi redigido para alimentar um banco
de dados que orientará ações de prevenção a esse tipo de crime.
Delegacia da Mulher -
A delegada Ivanisa Olímpio, coordenadora das nove Delegacias
Especializadas de Atendimento à Mulher da Paraíba, enfatizou a
importância da denúncia para evitar os homicídios relacionados à
violência doméstica na Paraíba.
Apesar
da Delegacia de João Pessoa ter registrado este ano mais de 600
procedimentos dos casos de assassinatos de mulheres da Capital, em
apenas um deles a vítima havia procurado a polícia para denunciar. "Não
temos dúvidas de que a denúncia salva vidas. Apesar do medo e do fato de
quase sempre o agressor ser alguém querido, a mulher tem que buscar a
proteção oferecida pela polícia, pelas casas-abrigo”, orienta Ivanisa
Olímpio.
Na
Paraíba, existem Delegacias de Mulher em Campina Grande, Guarabira,
Patos, Sousa, Cajazeiras, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita e João Pessoa. Na
Capital, a unidade especializada, a terceira mais antiga do país,
funciona 24 horas por dia.
Folha do Sertão
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