A obra de integração do Rio São Francisco deverá ficar pronta com três anos de atraso, conforme explicou, ontem, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra de Souza. A justificativa é que os gastos aumentaram tanto que "a obra não cabia no dentro dos contratos".

Depois de problemas como a queda do emboque no túnel Cuncas 2, em São José de Piranhas (PB), e rescisões contratuais também nas obras de Monteiro (PB), o ministro disse que vai fiscalizar a execução e "apertar" os consórcios para aceleração da obra e cumprir o novo cronograma previsto. Ele garantiu que, até o final deste ano, a obra terá 6,5 mil homens trabalhando.

"Como os contratos foram feitos em cima de projetos básicos, que ao longo da obra ocorreram diversas modificações a partir a construção dos projetos executivos, a obra já não cabia dentro dos contratos. Então, o resumo é que os aditivos celebrados ou em fase de celebração abrem frentes de serviço da ordem de R$ 2,4 bilhões e os saldos remanescentes que estarão sendo licitados significarão frentes de serviço da ordem de R$ 1,9 bilhão", explicou Fernando Bezerra.

Um dos exemplos citados pelo ministro para explicar o aumento dos custos na execução do projeto está o abastecimento das populações difusas, que são pequenos grupos de habitantes que vivem em locais por onde passarão o canal. Segundo ele, a previsão inicial era de gastos de R$ 5 milhões, mas, durante a execução, verificou-se que seriam necessários R$ 150 milhões. Outros gastos que não foram previstos são com o armazenamento dos equipamentos adquiridos para a obra, que ficam guardados na Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), em Pernambuco.

"Houve uma diferença muito grande entre aquilo que foi contratado em cima de projetos básicos e a realidade enfrentada em campo e com a conclusão dos projetos executivos. Então, a obra não cabia dentro dos contratos. O ano de 2011 foi um ano penoso, um ano difícil, quando tivemos que negociar desde frentes de serviços representadas por oito consórcios empresariais com diversas demandas de preços, de itens novos, complicações novas e tendo que acatar a orientação da presidenta (Dilma Rousseff), de respeitar o limite legal de não ultrapassar a marca de 25% acima dos contratos originais", disse o ministro.

Fernando Bezerra explicou que a definição dos usos que serão adotados para as águas do Rio São Francisco será feita por cada Estado. Entre os possíveis usos na Paraíba, conforme sugeriu, estão o uso humano e animal, irrigação e abastecimento dos rebanhos de carpinovinocultura. Segundo ele, a água poderá ser usada, inclusive, para fins mais nobres como irrigação e uso industrial. "A água poderá ser utilizada em todas as atividades econômicas, sobretudo nos arranjos produtivos locais, como caprinovinocultura e como pequenos comércios. Acho que a água vai ensejar novos investimentos na região do semi-árido", afirmou.

Conforme o ministro, em todo o Nordeste há menos de 300 mil hectares irrigados, grande parte em condições precárias. Essa área gera 500 mil empregos diretos e mais de R$ 400 milhões em tributos. "A comercialização da água poderá dar a sustentabilidade financeira do projeto", disse.

Fernando lembrou ainda que o projeto de integração é uma prioridade da presidenta Dilma Rousseff. "Todo o esforço do Ministério da Integração é para ver obras em todas as frentes e a gente poder de fato cumprir o compromisso com a presidenta Dilma, com o povo do Nordeste e entregar esse empreendimento, que diz respeito ao desenvolvimento de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará porque vai levar segurança hídrica a 12 milhões de nordestinos e criar perspectiva de desenvolvimento sustentável no interior da região", concluiu

Fonte: blog da Sabrina Barbosa

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