"Caso o paciente se queixe de rouquidão e tosse há mais de uma semana e for fumante, há um sinal de alerta. No entanto, é comum que o próprio paciente negligencie os sintomas e não busque o diagnóstico, o que pode levar o tumor a estágios mais avançados."
ESTÁGIOS E TRATAMENTO
A ocorrência da doença pode se dar em uma das três porções em que se divide a laringe: supraglótica, glote e subglote. Aproximadamente dois terços dos tumores surgem na corda vocal verdadeira, localizada na glote, e um terço acomete a laringe supraglótica (acima das cordas vocais), como é o caso do ex-presidente Lula. O tipo mais prevalente, em mais de 90% dos pacientes, é o carcinoma epidermoide.
"Em todos os casos há possibilidade de perda da voz, mas isso não é regra. Em geral, 60% a 80% dos pacientes conseguem sobreviver", afirma o oncologista e cirurgião de cabeça e pescoço do Inca Roberto Araújo. O tratamento dura em média três meses e pode ser feito com cirurgia a laser (nos casos iniciais), radioterapia, quimioterapia ou os dois tratamentos de uma vez. "Estudos comprovam que a cirurgia e a radioterapia têm o mesmo índice de cura, por isso os médicos estão optando pela radioterapia, que traz menos sequelas ao paciente", revela Cubero.
Mesmo após o tratamento, ainda pode haver alterações no timbre da voz, perda do paladar e secura na boca. A perda total da voz só se dá quando há completa destruição das cordas vocais, seja pelo tumor ou pela retirada com cirurgia.
Pacientes criam coral no Centro Hospitalar
Pacientes com câncer de cabeça e pescoço que já não têm parte da mandíbula ou dos lábios não deixaram de lado os prazeres da vida, inclusive cantar. Esses verdadeiros heróis da resistência formam o Coral de Reabilitados de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Centro Hospitalar Municipal de Santo André, grupo que surgiu a partir das sessões de exercícios de fonoaudiologia.
O coral existe desde 2005 e conta com 24 integrantes. A idealizadora do projeto, a fonoaudióloga Sonize de Albuquerque Gimenes, da Fundação do ABC, organização contratada pela Prefeitura de Santo André para serviços clínicos no Centro Hospitalar, explica que já passaram pelo grupo aproximadamente 100 pessoas.
"O objetivo não é cantar, mas devolver a autoestima desses pacientes e promover a ressocialização. No coral eles trocam experiências e liberam suas emoções", afirma. Muitos dos pacientes têm lesões irreversíveis na laringe ou na audição causadas pela quimioterapia, mas reaprenderam a falar e a cantar pelo esôfago. As reuniões ocorrem toda última quarta-feira do mês, no anfiteatro do Centro Hospitalar.
VENCEDORES
Integrantes do coral, os aposentados Waldemar Dias de Oliveira, 54 anos, e José Pereira, 66, podem se considerar vencedores de uma doença que todos os anos derrota milhares de brasileiros. Ambos foram diagnosticados por duas vezes com tumores na região da garganta e enfrentaram o câncer com fé e otimismo.
"Quando recebi o primeiro diagnóstico, meu mundo desabou. Fiquei desesperado. Mas com o tempo e o tratamento, vi que podia vencer o câncer", relata Oliveira. Fumante por 30 anos, ele passou por duas cirurgias na laringe, além de quimio e radioterapia. "Após três anos, o tumor voltou, desta vez no canal do esôfago. Hoje faço acompanhamento médico uma vez por mês e não está descartado o surgimento de um novo tumor. Mas nem por isso eu desanimo."
Embora tenha perdido quase totalmente a voz, Oliveira leva vida normal. Para se comunicar, ele busca aparelhos tecnológicos. "Envio mensagens de texto pelo celular, uso a internet. A gente aprende a se virar", brinca.
Para José Pereira, a fé e o apoio da família foram fundamentais para superar o câncer, que surgiu na faringe há sete anos e reapareceu recentemente, na laringe.
"Estou fazendo os exames para decidir o tratamento. Mas não estou assustado, já que tenho fé em Deus que ficarei bom novamente." Em ambos os casos, o coral é apontado como forma de superar a doença e redescobrir o prazer de viver. "Lá encontramos pessoas que tiveram o mesmo problema e nos ajudamos a superar nossos medos", conclui Pereira.
Outubro Rosa foca tratamento para reduzir a mortalidade
Em 2010, o Instituto Nacional de Câncer direcionou para a campanha Outubro Rosa a necessidade das ações de prevenção contra o câncer de mama. Neste ano, o foco estará no tratamento, a fim de reduzir a mortalidade e proporcionar melhor qualidade de vida.
A expectativa do órgão é fortalecer a mobilização das políticas públicas em todas as esferas para contribuir com o controle do câncer de mama no País, já que a doença é responsável pela morte de 12 mil mulheres ao ano.
Estimativas mostram que o Brasil terá 50 mil casos de câncer por ano. Desses, 49.240 são relativos aos de mama. As maiores taxas de ocorrência estão nos Estados: Rio de Janeiro (88,3 casos de câncer de mama por 100 mil mulheres), Rio Grande do Sul (81,57 por 100 mil), Paraná (54,46 por 100 mil) e São Paulo (68,04 por 100 mil).
Não há dados relativos ao Grande ABC, mas informações repassadas pelas prefeituras mostram que em Santo André são diagnosticados 15 casos por mês, número que se repete em São Caetano.
Diário do Grande ABC
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